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O DIÁRIO

O Diário de um Louco foi escrito no século passado e de lá para cá não mudou muito a situação do servidor público, do burocrata ou "barnabé". A montagem do Giramundo, baseada no conto de Gogol, conta a estória de um funcionário público humilde que de tanto ser desprezado e humilhado começa a desenvolver sintomas de loucura imaginando ter parentesco e origem nobres. No processo de enlouquecimento, cria para si um objeto de paixão inatingível: a filha do diretor de uma repartição qualquer. Mas o objeto de seu amor é inteiramente indiferente a ele.

 

Depois de várias tentativas frustradas de aproximação,cria a fantasia de que é o rei de um país até o grau de loucura avançar ao ponto de ser necessária sua internação num hospício. Enclausurado, acredita ter tomado posse da coroa de um determinado Estado transformando todos os seus colegas loucos, médicos e enfermeiros em súditos e membros desta corte. Por fim, sofre tratamento duro, tem sua cabeça raspada, recebe pancada, até um momento de clarividência onde percebe sua situação se arrependendo de ter deixado que o desvario tomasse conta de sua mente. O Giramundo faz desta trama motivo para expor, com respeito, problemas sérios mas aproveita também para desenvolver o folclore humorístico que faz parte da loucura.

Existe, nesta montagem, um sentido geral rigoroso, uma coerência entre a concepção do cenário, o texto, a música, e até o material gráfico. O programa, por exemplo, faz parte do espetáculo, ele não é simplesmente uma
folha de papel que indica quem faz o que. Ele dá voz ao personagem. O espetáculo já começa no texto do programa e o fato de ser entregue rasgado é uma ação, o programa exige uma ação.

 

Ocorre então esta coerência que não foi buscada, ao contrário, o grupo queria quase uma incoerência que correspondesse à loucura que é o tema do espetáculo. Mas acontece que dentro da loucura há uma certa razão ou sentido. E esta razão foi o que ligou todos estes pontos do espetáculo.

Rumo ao boneco escultura


Nós mal demos o primeiro passo em direção a um gênero que pode se ampliar muito que são estas formas de grandes dimensões que têm muito a ver com o teatro fantástico buscado pelo grupo. À medida em que adquirimos esta técnica de construção, nos habilitamos a fazer espetáculos com formas escultóricas de grandes dimensões. E é também uma concepção à parte, pois o marionete não é só o boneco, ele é uma obra de arte no sentido de ser uma forma escultórica capacitada para a ação cênica. Não é só o boneco, não é só a escultura. Ele é o encontro da escultura com o boneco. É aí onde estamos tentando de certa forma chegar.

Bonecos lambreta e controle remoto


Outra coisa que está a par com estes bonecos deslizantes que estamos fazendo, estas lambretas, estes karts, é a experimentação do controle remoto como recurso para a manipulação. Não apenas os veneráveis bonecos de fios ou varas mas também ondas de rádio abrindo novas possibilidades de trabalho. São novidades na manipulação, no cenário, e na concepção do espetáculo inserindo descontinuidades e depois nos forçando à continuidade. É um universo onírico, fantástico, uma atmosfera de sonho e delírio."

A RAZÃO NA LOUCURA

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