O texto O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá foi escolhido pela importância do autor, Jorge Amado, para a literatura brasileira, além de suas peculiaridades, como a ausência da fórmula condicional do "final feliz". Não
existe o maniqueísmo, o bem e o mal configurados como tal. A história é um universo de afeições e toca diretamente no problema do preconceito e da intolerância. E, apesar de tudo, traz a mensagem positiva de que amar vale a pena.

 

Diferentemente de sua última montagem infantil, O Carnaval dos Animais, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá traz trilha sonora original, especialmente composta. A música mudou e desta vez não contém instrumentos. Por isso é exclusivamente vocal. O espetáculo procura uma limpidez, um despojamento
em todos os níveis, uma pureza em seus aspectos sensíveis, seja a cor, a forma, o som ou o movimento. Pela primeira vez, o Giramundo compõe um apresentação coral ilustrada. Plasticamente, O Gato Malhado é uma tentativa de incorporar novas formas, um conteúdo novo.

 

É a forma se impondo à função, através de duas adoções: primeiro, a inspiração dos desenhos infantis, de um certo comportamento criativo da criança. Uma conceito formal vindo da concepção infantil. Não só as alterações na perspectiva ou nas formas, mas principalmente na interpretação dos personagens. Assim, os pássaros têm asas “explícitas” pois sua característica principal é voar, ou o cachorro tem muitos dentes aparentes pois uma de suas qualidades marcantes é morder.

 

Outra adoção importante é a apropriação da obra de Niki de Saint Phale, com todo o seu humor, a alegria de sua cor vibrante. Sua liberdade e molecagem. A forma também é influenciada pela escultura de Niki de Saint
Phale e de Gaudi. A equipe de construção dos bonecos e de manipulação inclui, além dos marionetistas do Giramundo, os estagiários selecionados para o primeiro semestre de 1999. Nos bonecos, novos materiais estão sendo usados como os canos de pvc e o policabornato. A cola branca
foi substituída pelo grude, o que representa um retorno à simplicidade das técnicas tradicionais de papietagem. Os mecanismos são decorrentes do desenho infantil, ou do modo como a criança vê os personagens. Os bonecos
são construídos nas técnicas de “marionetes de fio” e de “meio bastão”